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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Será que os animais, assim como nós, tem os seus direitos?

  Seria utopia afirmar que todos os animais tem direito ou seria apenas uma questão de ética?

  Temos na constituição de 88 muito claro a proibição da violência contra os animais, mas mesmo assim o nosso sistema judiciário não toma providências cabíveis para coibir tais atos, então alguns seres que se dizem racionais e inteligentes continuam a ser manchete de televisão, jornais e outros por cometer atrocidades que julgam sem importância, e que é claro não vão pagar por seus atos.

  São seres egoístas e sádicos que parecem não saber que animais sentem dor, e que eles têm um sistema nervoso tão complexo como o deles, e que quando são agredidos e feridos, sentem muita dor, e às vezes até reagem com agressões e com todo direito, pois só pode esperar isto, quem não reage à agressão, você, leitor, não reage?

  Disse Mahtma Ganghi “Eu peço perdão a todas as criaturas. Que elas possam me perdoar. Que eu possa tem uma relação amigável com todos os seres, e hostil com nenhum”, se agíssemos assim seríamos seres mais justos e aí sim teríamos o direito de dizer que seríamos mais humanos.

  Não só os cães e gatos merecem este respeito, o artigo 9º do Direito dos Animais diz que “ Quando um animal é criado para a alimentação humana deve ser devidamente nutrido, alojado, transportado e morto, sem que isto acarrete nele ansiedade ou dor”, então espera-se dos nossos governantes ações para que produtores sigam estas regras, é possível produzir proteína animal com humanidade, pensem nisto.

  Infelizmente o texto citado à cima mesmo sendo considerado pela opinião pública e pelas associações protetoras, a salvação da causa animal, não possui força de lei, se trata apenas de um documento internacional não ratificada pelo Poder Legislativo brasileiro, e sendo assim não estabelece nenhuma sanção àqueles que o infringem, portanto quando você souber de alguma atrocidade contra animais, é mais que provável que o agressor não pagará pelos seus atos.

  O abandono de cães e gatos também é considerado um ato proibido, porém as pessoas continuam cometendo este crime, e o pior, estão banalizando o fato, como se fosse normal você adquirir um animal sem pensar previamente, depois se arrependem, e simplesmente os largam nas ruas, achando que as ONGs tem espaços e dinheiro de sobra e que mais um não custa abrigar, mas estas ONGs vivem com dificuldades e as vezes da boa vontade de amantes de animais.

  Nos tempos atuais, onde a violência sempre está a cima da solidariedade, em que mais vale consumir do que o valor da vida, é preciso pensar e saber observar nos olhos dos animais a simplicidade, o amor sem cobrança, e a vontade de viver, temos que saber respeitar estes seres, que muitas vezes são mais merecedores que muitos que se dizem, ou apenas se acham inteligentes.

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Juci Pereira
Médica Veterinária graduada pela UFMS em 1993
Pós Graduada em Saúde Pública e em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais
Proprietária e Responsável Técnica da PETIT BICHON Clínica Veterinária e Petshop em Campo Grande - MS.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Animais Domésticos e os Cuidados com Plantas Tóxicas

  A intoxicação de animais domésticos por plantas tóxicas assume aspectos variados e importantes, o cuidado na escolha das plantas para o seu jardim é de especial importância, pois senão você estará preparando uma armadilha na sua própria casa para o seu companheiro.

  A intoxicação aguda é quase sempre acidental, e geralmente a mais grave com sinais e sintomas rápidos e agressivos, pode até causar a morte em poucas horas.

  A intoxicação crônica é uma causada por ingestão continuada, acidental ou proposital, um exemplo clássico e importante é uma ingestão de plantas causando cirrose hepática, geralmente irreversível nos animais domésticos.

  Os cuidados básicos para evitar uma intoxicação inicia com o conhecimento das plantas perigosas da sua região e evitá-las na sua casa e quintal; conservar plantas que você não conhece fora do alcance dos animais, assim como seus frutos, flores, sementes e bulbos; adestrar os seus animais para que não mastiguem as plantas, isto evita a destruição do seu jardim e também o risco de intoxicação.

  O tratamento realizado nestes acidentes consiste em diminuir a exposição do organismo ao elemento tóxico, induzindo o vômito no animal, administrar o antídoto (quando houver), e proceder o tratamento sintomático, que consiste em hidratar o animal, restabelecer a sua função hepática, e resolver possíveis lesões de mucosa.

  Plantas tóxicas também podem causar distúrbios cutâneos por trauma mecânico ou irritação química, distúrbios de mucosas, alergias respiratórias, e até convulsões.

  Citarei algumas plantas conhecidas por seus nomes populares para que todos tenhamos cuidado com sua presença em nossas casas:

  - Losna, planta de gosto amargo, odor forte, e o seu manuseio pode causar erupções cutâneas, a sua ingestão excessiva pode causar hiperexcitabilidade, podendo chegar à convulsão e até ao coma. O efeito tóxico se inicia cerca de 1 hora após a ingestão, o tratamento é sintomático e de suporte pois não há antídoto.
Losna - Artemisia Absinthium L.
Fonte da imagem: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/losna/losna.php

 - Arruda, sua ingestão causa reações psicoativas ou seja efeitos alucinógenos, tremores, salivação e náuseas, o tratamento é sintomático e de suporte.
Arruda - Ruta graveolens L.
Fonte da imagem: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/arruda/arruda.php

  - Maconha, tem implicações médicas e sociais por sua proibição, mesmo assim temos ocorrências nas clínicas veterinárias, causando nos animais domésticos muita excitação após a ingestão, esta excitação tem um aparecimento tardio, ou seja mais demorado comparado ao ser humano quando fuma a erva, um período após ocorre letargia, desequilíbrio, aumento da frequência cardíaca e respiratória, vermelhidão nos olhos, aumento de apetite e boca seca. O tratamento é sintomático, e principalmente com a aplicação de calmantes caso o animal esteja agressivo.
Maconha - Cannabis Sativa
Fonte da imagem: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/drogas/maconha.php 

 - Açucena, planta com flores arroxeadas ou avermelhadas, sua seiva é rica em substância cáustica que causa gastroenterite com náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarréia. O tratamento consiste em esvaziamento gástrico que deve ser realizado por um profissional em virtude dos efeitos cáusticos do vegetal seguindo de tratamento sintomático.
AçucenaHippeastrum reginae
Fonte da imagem: http://www.tocadoverde.com.br/acucena.html


  - Caju (castanha crua), sua mastigação determina sintomatologia digestiva intensa, caracteriza por dores e queimação na boca e estômago, edema de lábios, língua e gengivas, salivação, vômito e perda de apetite. Seu contato com a pele causa lesões e posterior descamação. Já a castanha assada não apresenta problema algum. O tratamento é apenas sintomático.

Cajú - Anacardium occidentale L.
Fonte da imagem: minturgb-gov.org

  - Comigo-ninguém-pode, a ingestão de qualquer parte desta planta causa rapidamente irritação da mucosa, edema de lábios, língua e palato com dor e queimação, salivação, cólica abdominais, náuseas e vômitos, e devido ao grade edema o animal pode ter parada respiratória. O veterinário deve ser procurado imediatamente, pois o risco de morte é grande.

Comigo-ninguém-pode - Dieffenbachia seguine
Fonte da imagem: http://www.jardimdeflores.com.br

  Estes foram alguns exemplos para mostrar a gravidade das intoxicações e aconselhar os proprietários a procurar o veterinário o mais rápido possível, pois o que parece apenas uma “arte” do seu pet pode levá-lo ao óbito mais rápido do que você imagina, se você o ama, não deixe para levá-lo no dia seguinte, pois pode ser tarde.

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Juci Pereira
Médica Veterinária graduada pela UFMS em 1993
Pós Graduada em Saúde Pública e em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais
Proprietária e Responsável Técnica da PETIT BICHON Clínica Veterinária e Petshop em Campo Grande - MS.

sábado, 19 de novembro de 2011

Toxoplasmose - Mitos e Verdades

Toxoplasmose: Importância e Preconceito 

  Toxoplasmose é considerada uma zoonose (doença transmitida entre animais e seres humanos) de grande importância, pois ocorre a transmissão a partir de diversos hospedeiros para o homem, e hoje por falta de informação existe um grande preconceito com o gato doméstico que é um dos transmissores, mas não é o vilão que muitos acham.

  As crianças tendem a ser o maior grupo de risco, por causa do seu comportamento de levar tudo a boca quando estão explorando o ambiente.

  Outro grupo sob grande risco de infecção são os portadores de HIV (vírus da imunodeficiência humana), pois a Toxoplasmose é uma doença oportunista muito importante que leva a uma diminuição da sobrevida do portador de HIV.

  A Toxoplasmose ocorre numa grande variedade de animais de produção e de estimação, incluindo aves, bovinos, suínos, caprinos, gatos, cães, animais silvestres e na maioria dos vertebrados terrestres. A importância em animais de produção é que esta doença causa aborto, mortalidade neonatal, filhotes com defeitos levando a grandes perdas econômicas aos produtores. Em mulheres grávidas pode causar abortos espontâneos, natimortos, e defeitos congênitos graves, porém não devemos esquecer que atualmente o Toxoplasma é considerado importante causador de morte entre pessoas que são portadores de HIV e os acometidos por algum tipo de câncer, pois estes estão com as defesas do corpo extremamente diminuídas.

  Os médicos veterinários são frequentemente questionados a respeito desta infecção e devem fornecer orientações precisas aos proprietários, considerando que boa parte dos profissionais de saúde possuem muitas dúvidas a respeito da infecção humana, do risco que essa doença causa e principalmente do verdadeiro papel do gato doméstico na transmissão da doença, pois muitos veterinários ainda fazem recomendações aos proprietários de animais domésticos baseado, muitas vezes, em preconceito e desinformação.

  O grande preconceito e as vezes confusão que se faz com o gato doméstico, é que este é o único hospedeiro definitivo do Toxoplasma, porém existem muitos hospedeiros que são ditos como intermediários (que só transmitem a doença) e estes é que não são considerados na hora da tentativa de descobrir como a pessoa foi infectada, sempre recorrendo a responsabilidade ao gato doméstico pela transmissão.

  A transmissão deste parasita pode ser transplacentária (durante a gestação), ingestão de alimentos ou água contaminados, ingestão de carne crua ou mal cozida, verduras lavadas com água contaminada, leite "in natura" (sem ter passado pelo processo de pasteurização ou fervura). O papel do gato está relacionado a eliminação do ovo do parasita no ambiente, pois ele é o único que tem esta capacidade, porém nem todo gato positivo elimina os ovos, calcula-se que apenas 1% da população felina está liberando estes ovos em determinada fase da vida.

  O que devemos saber para tirar esta grande responsabilidade do gato é que este quando está contaminado só libera os ovos durante duas semanas após a sua infecção, depois desta fase ele adquiri imunidade e pára de fazer a transmissão, e outro ponto importante é que para transmitir a Toxoplasmose o gato tem que estar contaminado, e não como muitos pensam, que eles estão constantemente transmitindo a doença, é um dos maiores absurdos que temos que combater, e que é resultado de preconceito e desinformação.

  O profissional da saúde tem grande importância na prevenção da doença, instruindo a população a respeito do consumo de carnes e leite, e se você tem dúvida a respeito do seu gato procure um veterinário da sua confiança e faça um exame do seu animal, se seu companheiro for negativo e só se alimenta de ração é impossível que ele se infecte algum dia com a doença. 


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Juci Pereira
Médica Veterinária graduada pela UFMS em 1993
Pós Graduada em Saúde Pública e em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais
Proprietária e Responsável Técnica da PETIT BICHON Clínica Veterinária e Petshop em Campo Grande - MS.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Leishmaniose - Um desafio de saúde pública para Campo Grande

  Hoje a leishmaniose é uma doença de grande importância dentro da cidade de Campo Grande, e devido a isto devemos conhecê-la bem e saber como nos previnir e proteger nossos cães. Para o controle de tal doença digo que cada um deve fazer a sua parte, pois o mosquito transmissor faz postura em matéria orgânica em decomposição, sendo assim, cuidando de seu ambiente, ou seja, mantendo o seu quintal sempre limpo sem acúmulo de folhas, recolhendo diariamente as frutas que caem ao chão. Se você proceder dessa forma e seu vizinho não, o resultado do seu esforço será em vão, pois o mosquito tem mobilidade de 100 metros de raio, ou seja, um morador que não cuida do seu ambiente pode estar contaminando o quarteirão todo.

  Procedendo dessa forma conseguiremos controlar o mosquito transmissor que é o grande vilão da leishmaniose e não os cães, que são simples hospedeiros e vítimas como nós.

  Quando temos cães como animais de estimação devemos por obrigação e respeito mantê-los sempre em boas condições de higiene e saúde, devemos observar sempre se estes estão com atitudes diferentes como inapetência, apatia, claudicações (mancando) e também quanto a sua aparência, se estiver com queda de pêlos principalmente em torno dos olhos (conhecido como óculos), descamações, lesões que não cicatrizam, procure o veterinário de sua confiança, pois só este através de exames laboratoriais pode concluir o diagnóstico do seu companheiro, e tomar as devidas providências.

  Hoje o diagnóstico da leishmaniose tem progredido muito, estamos cada vez mais com segurança para dizer se um cão é positivo ou não, aconselho que, na dúvida, não pense duas vezes antes de fazer vários exames para chegar a uma conclusão, principalmente se o animal for assintomático, pois este pode ser um portador são que é a pior forma da doença, pois proprietário e veterinário não estarão tomando as providências cabíveis.

  A prevenção no cão é realizada através de coleira com inseticida (cipermetrina), vacinas (temos duas no mercado), produtos repelentes de mosquito (citronela), e principalmente manter os cães em excelente estado de saúde, pois o protozoário causador da doença é oportunista, e quando inoculado em um organismo debilitado vai aproveitar e se instalar causando sofrimento e óbito.

  Tendo qualquer dúvida procure um veterinário, que é o profissional mais capacitado para conduzir os procedimentos para um diagnóstico definitivo e eficaz.

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Juci Pereira
Médica Veterinária graduada pela UFMS em 1993
Pós Graduada em Saúde Pública e em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais
Proprietária e Responsável Técnica da PETIT BICHON Clínica Veterinária e Petshop em Campo Grande - MS.